Pin up significa, literalmente, "pendurar". Ou seja, um abrasileiramento de pin-up girl poderia ser "garota pendurada", ou "penduradinha"... Prefiro pin up mesmo.
Ninguém em sã consciência se atreve a apontar um inventor do gênero, mas é certo que em fins do século XIX, com a urbanização decorrente da revolução industrial, ele saiu da insipiência.
Vocês sabem, muita gente morando muito perto, presta-se mais atenção às garotas e seu jeito de andar, imagina-se o que se passa sob aquelas toneladas de tecido, que tipo de estruturas geram aqueles movimentos tão diferentes dos masculinos.
Então nasce o conceito de "next door girl", a garota da porta ao lado. As vizinhas passam a povoar os sonhos dos rapazes e a glamourização da beleza singela das moças do povo tem início.
Francamente, conheço uma multidão de garotas que dão de dez a zero (com direito a gols contra) em quase todas as celebridades canastrãs que vocês vêem. Passou a ser quase um esporte, flagrar as moças em situações constrangedoras, como o momento em que levantavam a barra da saia para ajeitar as meias, ou quando levavam um tombo e ficavam em uma posição reveladora, etc.
O fato delas ficarem constrangidas dava mais valor à cena, por denotar naturalidade e sinceridade no ocorrido. Uma pin up girl é convidativa, jamais oferecida, um tesouro ao qual se deve fazer juz.
Eclodida a Segunda Guerra Mundial, e para dar mais ânimo às tropas, a arte teve seu maior pontapé. Não se faziam vistas grossas, ilustrações de garotas em trajes convidativos e posições confortáveis ou engraçadas eram muito bem aceitas entre as tropas.
Posso dizer que dos anos 1930 a 1960 temos a melhor safra de pin ups da história, apadrinhada por gênios como Gil Elvgren, George Petty, All Buell, Charles Dana Gibson, Pearl Frush, Zoe Mozert, Alberto Vargas, Vaugan Alden Bass, Ernest Chiriaka, Joyce Ballantyne, Duane Bryers, Billy de Vorss e muitos outros.
Vargas é considerado pela maioria o maior expoente do estilo, chegando a participar da Playboy por décadas.
Elvgren foi muito criticado por ter se ocupado muito com anúncios publicitários, mas era um gênio, capaz de fazer em uma hora um quadro digno de exposição.
Gibson foi um dos pioneiros, quando jovem poderia bem ter feito o papel de Super Homem.
George Petty, genial e longevo, extraia o melhor da beleza da modelo, preferindo sempre retratar atletas e moças do interior, mais espontâneas.
Tem surgido uma onda chamada de vintage, algo como a idade do vinho, em uma tradução livre, para designar as cousas antigas (e de qualidade) que têm voltado à voga. As pin ups também estão de volta, mas muitos se deixam contaminar facilmente pela banalização eropatológica que os anos 1990 nos legaram.
Uma legítima pin up só escandaliza os sexualmente recalcados, pois sabe se comportar dentro da pouca (ou falta de) roupa, jamais faz cara de prostituta com tpm que parece dizer "Enfia logo senão chamo outro".
A pin up é a garota da porta ao lado, é sexy, atraente, até desinibida, mas é moça de família e sabe se portar.
Claro que haviam as estrelas. Quando Hedi Lamarr começou a ser pintada por Vargas, houve uma grande procura de atrizes pelos serviços, pois era um tipo de erotismo que se podia levar para casa sem grandes restrições, era uma publicidade muito eficiente.
Marilyn Monroe foi outra que fez tanto sucesso no óleo sobre tela quanto na luz sobre tela, também pelas mãos do peruano radicado nos Estados Unidos, Alberto Vargas. Os gênios da arte geralmente se tornavam amigos de seus modelos.
Haviam as pinapeiras também. Joyce Ballantyne, Pearl Frush e Zöe Mozert são as mais famosas. Elas tinham a grande vantagem de, muitas vezes, terem sido solicitadas tanto como pintoras quanto como modelos. Acabavam ganhando duas vezes.
É de Mozert a famosa ilustração da menininha tendo o biquíni puxado pelo cãozinho, da Coppertone.
Algumas vezes elas chegavam a ser mais ousadas que os colegas de cromossomo "Y", mas sendo mulheres sabiam evitar a vulgaridade.
Hoje há pessoas (inclusive no Brasil) vivendo de vender essas imagens, e os descendentes desses gênios vivendo de receber direitos autorais. O mercado é de gente mais refinada que a média, o que infelizmente é muito fácil ser.
O número de publicações é imenso, contando história, técnicas, curiosidades, exibindo portfólio, obras completas e até fãs clubes
Mas nós também tivemos nosso pinapeiro master. Alceu Pena, estilista e colaborador da revista O Cruzeiro, foi um dos poucos, senão o único a aproveitar a farta oferta de beldades que desde sempre povoam nosso país.
Suas meninas eram chamadas de Garôtas do Alceu (com circunflexo, como se escrevia na época), e representavam tudo o que as garôtas da época queriam ser. Diversas fontes, infelizmente muito dispersas na internet, têm informações a respeito do mestre Pena.
Para ser um pinapeiro (neologia) é preciso ter talento. Tem que saber desenhar, gostar de desenhar e ter boas técnicas de desenho.
Como já disse, a onda vintage parece que vai ficar e formar uma lagoa na ilha, então é interessante os artistas pingarem umas gotas de glicerina na água da aquarela e treinar, pois o retorno é mais lento, mas muito mais garantido do que as baixarias que as horas levam sem dó.
beijinhossssss Gypsy!!!!!!!!!!!
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